Domesticação
Morde-me bicho-cão, com gentileza só para tornar rubra a pele que conheces pelo seu sabor, deixa-me pequenas marcas rosadas nos braços, nas coxas, nas nádegas. Pinta de carmim o meu corpo com os teus dentes artistas, tão cuidadosos que tornam o teu ataque uma carícia, a tua fúria uma ternura incompreendida. No meu suor encontrarás a fonte líquida das imoralidades que te saciam a sede, e assim te peço que a bebas até à exaustão, bebe-a até à secura do granito velho e dos líquenes amarelecidos. Lambe-me, morde-me e diz-me com esses olhos vermelhos fitados nos meus se depois da minha purificação ainda serás o meu fiel companheiro.
Esta noite vem cá o meu namorado, e o papá vai soltar-te no campo para que não deixes ninguém aproximar-se de mim. Vais cumprir o teu papel, bicho-cão?
Eu preferia que não o matasses. Mas se acontecer, vem logo ter comigo aqui ao meu quarto. Estarei aflita e chorosa, e tu ainda não conheces o gosto do sal.
2 Comments:
É um primo afastado :P
Quando eu tiver a história toda completa sobre o bicho-cão mando-te. Parece que a ideia inicial consegue despertar reacções diversas, isso é bom!
*
P
Também foi a primeira vez que ouvi falar deste bicho, não fosse ele uma criação minha :P
O mais curioso é que foste tu quem lhe deu um lado dócil e ternurento. Isso não estava minimamente nos planos do 1º post onde ele apareceu, por isso de certa forma contribuiste para o desenvolvimento da ideia inicial, e isso é óptimo! Quando criei este blog achei que os comentários poderiam ajudar a orientar as ideias para campos que eu não vejo quando as escrevo. Este caso mostra isso mesmo.
Thanks for that!
:)
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